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Meu nome é Simone Santos Rodrigues, sou psicóloga infantil há 18 anos aqui no Guará. Quero compartilhar uma história que mudou minha perspectiva sobre a vida e minha profissão.
Era uma tarde quente de setembro do ano passado, daquelas típicas de Brasília, com o céu azul infinito e a umidade baixíssima. Eu estava terminando meus atendimentos no consultório, que fica numa clínica pequena perto da QE 15, quando recebi uma ligação da escola pública onde faço trabalho voluntário às quintas-feiras.
A coordenadora pedagógica, Dona Maria José, me ligou desesperada pedindo ajuda com um caso especial. Era sobre o João Pedro, um menino de 9 anos que havia perdido a mãe recentemente num acidente na EPTG. O pai, motorista de ônibus da linha Guará-Rodoviária, estava tendo dificuldades para lidar com a situação.
Mesmo já passando das 18h, decidi ir até a escola. No caminho, parei naquela padaria tradicional da QE 13, comprei alguns pães de queijo – sempre ajudam a quebrar o gelo com as crianças – e segui para lá. O cheiro do cerrado depois da chuva fina que caía tornava tudo mais melancólico.
Encontrei João Pedro sentado sozinho no pátio da escola, rabiscando num caderno. Me aproximei devagar e ofereci um pão de queijo. Ele aceitou timidamente. Começamos a conversar sobre coisas simples: o time dele (Flamengo), o que gostava de fazer (jogar bola na quadra da QE 19) e seus amigos da escola.
Aos poucos, entre uma mordida e outra no pão de queijo, João Pedro começou a se abrir. Me contou como sentia falta da mãe fazendo brigadeiro aos domingos, levando ele na feira do Guará aos sábados, e principalmente do cheiro do abraço dela quando voltava do trabalho no Plano Piloto.
“Tia, sabe o que mais dói? É que no dia… naquele dia… ela prometeu que ia me levar no parque da cidade no fim de semana. A gente nunca conseguiu ir”, ele disse, com os olhos marejados.
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Leia AgoraNaquele momento, algo dentro de mim se quebrou. Não era mais a psicóloga profissional ali, era uma mãe que também tem um filho, que também faz promessas, que também pega ônibus na EPTG todos os dias.
Conversamos por quase duas horas. João Pedro me mostrou os desenhos que fazia – todos com uma figura feminina de cabelos cacheados e sorriso grande, sua mãe. Me contou dos sonhos que tinha com ela, das conversas que ainda mantinha antes de dormir, olhando para a janela do seu quarto no segundo andar.
O pai chegou por volta das 20h, depois do último turno. Um homem simples, de mãos calejadas e olhar cansado, mas cheio de amor pelo filho. Me agradeceu muito por ter ficado ali. Descobri que ele estava fazendo hora extra para juntar dinheiro e realizar o sonho do filho: ir ao parque da cidade, como a mãe havia prometido.
Nas semanas seguintes, acompanhei João Pedro em sessões regulares. Aos poucos, vi aquele menino tímido voltando a sorrir. Ele começou a participar do projeto de futebol da escola, fez novos amigos, e o mais importante: começou a falar sobre a mãe sem chorar, relembrando os momentos felizes.
Um mês depois, numa manhã de domingo, recebi uma foto no WhatsApp: era João Pedro com o pai no parque da cidade, ambos sorrindo, tomando água de coco em frente ao lago. A mensagem dizia: “Tia Si, a mamãe está aqui com a gente. Dá pra sentir no vento”.
Essa experiência me ensinou muito sobre luto infantil, sobre a força das crianças e sobre como pequenos gestos podem fazer grande diferença. Hoje, quando passo pela feira do Guará aos sábados, sempre compro brigadeiros pensando no João Pedro e sua mãe. E quando vejo crianças brincando na quadra da QE 19, lembro que cada uma delas tem sua própria história, suas próprias dores e suas próprias formas de cura.
Como psicóloga, aprendi que às vezes o mais importante não são as técnicas que estudamos, mas simplesmente estar presente, ouvir e compartilhar um pão de queijo numa tarde chuvosa. Como moradora do Guará há mais de 20 anos, aprendi que nossa comunidade ainda preserva aquele espírito de cuidado mútuo, de vizinhança, que faz toda diferença nos momentos difíceis.
João Pedro continua crescendo, jogando bola, desenhando e guardando as memórias da mãe no coração. E eu continuo guardando essa história como um lembrete do por que escolhi essa profissão e do poder transformador que um simples encontro pode ter em nossas vidas.